domingo, 21 de agosto de 2011

Presente


O presente apresenta definições que parecem explicar tempo, objeto, ou ação. O dia em que se vive, o que pode ser presenteado, o ato de presentear. Todas as definições são plausíveis e entendíveis, o que não é dito ou não é definido em nenhum dicionário são os sentimentos vividos no dia a dia ou no ato de receber atenção através de um objeto. Explicitar o que se sente é expor, desmistificar, desmascarar. É colocar as situações e ações em uma lupa e conseguir enxergar as minúcias por trás dos sorrisos. Se admitir feliz é bom. Se admitir lisonjeada também. Porque será que o momento atual foi definido como presente? Todo presente é uma dádiva? Todo minuto é uma nova possibilidade?
E porque será que o ato de transferir a posse de um objeto em definitivo a outra pessoa se denomina presentar? Que pode ser doar ou oferecer? Que há por trás do simbolismo de presentear uma pessoa numa data especial? Ou apenas presentear pelo simples fato de sentir vontade?
Quando se é uma pessoa apegada a palavras as vezes os gestos têm uma capacidade incrível de surpreender. Se temos limitações em demonstrar o quanto nos importamos ou o quanto nos orgulhamos com palavras, os gestos podem ser mais precisos? Se sentimentos não podem ser discutidos ou não nos sentimos confortáveis para rotular relações, abraços podem representar mais que abraços? E presentes podem ser recomeços?
A literalidade da palavra nos diz que presente é diferente de ausente, é diferente de futuro e mais ainda, é diferente de passado. Mas para as pessoas apegadas ao tempo o que é passado, pode ser presente e ao mesmo tempo futuro. E se o futuro é sempre uma interrogação, nada melhor então que o presente que no sentido figurado da palavra significa “gravado no coração”.
O que se pode questionar é com que facilidade o que já foi gravado pode ser apagado, e se foi gravado de verdade, mas de verdade mesmo, se o pulo no abismo já foi dado, qual a importância da variação de passado, presente e futuro? E o que isso realmente significa partindo do pressuposto de que o tempo é uma abstração?
Mais ainda, se presente quando é presentear significa: dádiva, mimo, oferta, prenda, se significa demonstrar alguma coisa que se sente por menor que seja através de um ato então para que serviriam as palavras? De que adiantariam se nem todas as palavras são tão cuidadosamente polidas como determinados atos? Se tudo quando falado em voz alta vira verdade? Se promessas para serem quebradas bastam que sejam proferidas?
Tantos questionamentos precisam ser feitos? Ou se agarrar ao instante ou objeto é o necessário para ser feliz?

Perguntas sempre serão formuladas. Certas perguntas nunca serão respondidas. Outras tantas nunca precisarão de respostas, e de verdade? o presente já é o presente!

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