quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dúvidas

Sempre tive uma natureza questionadora. A alguns anos um professor me disse que se guardasse todas as dúvidas para mim, no fim da vida meu rosto seria uma interrogação, embora minha personalidade beirasse mais a exclamação. Nunca fui muito boa em guardar conclusões, que dirá questionamentos. De tempos em tempos caio na espiral de questionar tanto, mas tanto que acabo pairando no limiar entre a sanidade e a neurose. Me vejo novamente na encruzilhada que é viver, decidir e emergir das crises com novas resoluções. Da menina que fui com tantos sonhos e planos, quais deles eu realizei, que caminhos percorri, que atalhos peguei? Dos valores que finquei como base para minha vida, quais deles esqueci, quais venho seguindo? A pessoa que eu queria muito, muito, muito ser, eu me tornei ela, ou me perdi no meio do caminho? Dos objetivos que tracei, baseada nos sonhos que queria construir, quais eu realizei? Porque tenho a nítida sensação que a imagem que vejo não é quem sou? E se não gosto de quem sou, o que posso fazer para mudar? Se nos últimos tempos esqueci o que queria, se pelo meio do caminho eu deixei o querer sobrepor o ser, que posso fazer hoje para voltar a ser quem posso ser de verdade? Se queria ser uma pessoa genuinamente boa, desprendida, corajosa e forte, em que parcela do caminho me tornei má, egoísta, medrosa e fraca? Se as qualidades que via em mim mesma e tanto fazia me orgulhar não consigo mais enxergar o que posso fazer para voltar a possuí-las? Se profissionalmente me vejo perdida na entrada de um caminho bifurcado, se me vejo querendo coisas tão opostas, qual a melhor decisão a tomar? Se me encontro quase na linha de chegada e não me enxergo como uma pessoa competente o sufiente para cruzá-la , será que posso voltar ao início da corrida? Serei mais uma a percorrer esse caminho? Serei mais uma na multidão de gente que não quer só existir, mas sim viver? O tipo de justiça em que acreditava ainda existe? O que eu posso fazer de verdade para contribuir, sem utopias ou quimeras? Se pessoas me idealizam e projetam uma imagem da qual não me acho digna, quem vive na ilusão? Eu ou elas? Se outras tantas criam expectativas que não posso corresponder, quem se decepcionará? Eu ou elas? Se tenho a consciência que nunca serei aquilo que esperam de mim, quem sofre mais? E se na verdade tenho a obrigação de corresponder, já que todas a oportunidades me foram dadas, todo o aparato me foi proposto e tudo que quis possuí, porque não me sinto capaz? Se não me sinto no direito de expor tantas dúvidas, porque deixo você ler o que escrevo?

Fazer tantos questionamentos é sadio? Ou mais sadio é viver sob o véu obscuro da resignação?

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