domingo, 7 de novembro de 2010

Abraçar

Abraçar acalma. Ser abraçado, renova. Na verdade, um abraço com vontade DESMONTA a gente. Resistências, temores, tensão, eletricidade, cai tudo ao chão. Abraçar é mais que um gesto de saudar, abraçar é emprestar PAZ. Encostando os corações, algo realmente mágico acontece. Li um dia desses que existe uma tradição que diz que, cada vez que você abraça com vontade, você ganha um dia de vida. Com vontade, certo? Deve ser por isso que os velhinhos que vivem mais são tão queridos, devem ter abraçado muita gente na vida e com muita vontade, então dias e mais dias lhe são acrescentados. Justificadamente. Abraçar tem que ultrapassar o físico, é ato que se faz com os olhos fechados e a alma escancarada em emoção. Mas tem que ficar no abraço, sem tanta pressa. Não tem como insistir em timidez ou reservas ou conveniências, abraçar é carinho sem vergonha de ser carinho, é um mergulho no outro. Abraço é coisa de gente que gosta de ser gente e não liga pra poses. Abraço é pra namorado, namorido, abraço é pra amigo. Abraço deveria ser pra todo mundo. Aqui é costume no oi e no tchau, trocarmos beijos e dar aquela abraçadinha. Tem alguns que são acanhados, outros mais animados, tem aquele que acompanha batidinhas nas costas, ou um sorriso caloroso de quem de fato, encostou o coração no outro e leva um pouquinho da gente, e deixa um pouquinho de si, e eu acho lindo isso. Parece tão bobo, não?… compromissos de toda ordem, horários a serem cumpridos, mil afazeres a fazer, coisas sérias pra pensar, tanta coisa pra resolver, quem está com tempo pra perder esse tempo abraçando as gentes por aí? Eu digo quem:
Quem sabe que viver é mais que tudo isso junto, quem sabe que tudo que vale nessa vida é oque só o coração sente, é gente que sabe que, certas vezes, um dia todinho só valeu justamente, por causa daquele abraço no meio do dia, no meio do nada, aquele algo único que foi dado e que foi ganho naquela meia dúzia de segundos que leva esse ato tão belo, tão gostoso e tão simples. Certo!…, não é tão simples porque todos temos mais reservas do que liberdades uns com os outros, mas tenho a impressão que é justamente o hábito de abraçar mais, que nos fará abraçadores melhores, e de verdade.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Você sente?

O que é que você sente? Você sente porque sente ou você sente porque quer sentir? Existem sentimentos idealizados, coisas que os poetas e escritores colocaram em nossa cabeça, coisas das quais sentimos falta, e necessidade de sentir, mesmo sem nunca ter tido nada semelhante. Tais sentimentos existem, ou seriam apenas criação de cérebros desocupados? Segunda opção, pra mim. Vivemos numa eterna busca por sentimentos idealizados, como se procurássemos por tesouros inexistentes, como que cavando buracos em cômoros. E nós estamos sempre querendo sentir. Queremos com tanta veemência, que não sabemos se estamos sentindo de verdade ou se estamos forçando a barra, fazendo tudo que é possível para acreditarmos que estamos realizados, felizes e... sentindo as coisas. Às vezes me pego sentindo nada, ou quase nada, mesmo quando tudo que quero é sentir algo. Tanto quero sentir que praticamente acredito na minha própria mentira. Acredito tão piamente que sinto que acabo sentindo, quando na verdade nada sinto.