quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Pesadelo

Não é real. Não pode ser. Acordo assustada. O rosto lavado em suor e lágrimas apesar da temperatura do quarto estar baixa. A chuva forte faz meu pânico aumentar, o medo revira meu estômago e sinto minhas mãos tremerem. Demoro ainda dez minutos para perceber que estou no meu quarto, na minha casa e segura. Acendo as luzes na esperança de que na claridade o medo diminua, desta vez não adianta olhar meus porta-retratos, bilhetes ou qualquer outra coisa que poderia me deixar segura. Desta vez o sonho não foi com nenhuma das pessoas habituais e eu não me sentia no direito de fazer ligações em plena madrugada. Enfrentar os pesadelos sozinha era a única alternativa. Mas eu precisava me certificar que estava tudo bem, deixando as convenções de lado dei o alerta a outra pessoa me sentindo ainda em pânico mas um pouco boba. Esperei com medo de que fosse verdade até que a resposta voltasse. Por fim pude repetir com tranquilidade: Não é real, foi só um sonho ruim. Não dirigiria aquele carro que não era seu sem freio, por uma estrada no interior de outro estado que não conhece. Não andaria sem sinto e a chuva não cairia tão forte. Eu não veria a tragédia. Eu não veria. Mas sabe o que realmente me deixa em pânico a anos com este pesadelo apesar dos protagonistas sempre mudarem? A possibilidade. Sempre existe a possibilidade de que ele aconteça por mais esdrúxula que seja a situação. A possibilidade me deixa em pânico e por mais que os pesadelos sejam recorrentes, por mais que eu me prepare para que eles aconteçam sempre existirá a possibilidade de que um dia se realizem. Afinal de contas por pior que possa parecer os pesadelos são sonhos. Agarrada ao meu escapulário voltei para a cama e rezei todas as orações que consegui lembrar, menos abatida e mais calma tentei lembrar das palavras que já foram usadas para me consolar em outras situações como esta. A chuva caia mais forte e percebi que só conseguiria dormir quando ela parasse. A nova realidade me assustou, agora eu também temeria a chuva? Não sei. Ele vai voltar, o pesadelo. Sempre volta, e agora terei mais uma pessoa adcionada a minha lista para me preocupar, é como um golpe no estômago perceber o quanto gostamos do outro quando julgamos tê-lo perdido. Preparada para a possibilidade do pesadelo voltar, preparada para aceitar que não tenho poder sobre todas as coisas, preparada para o que a vida pode me apresentar tentei voltar a dormir. Sem sucesso. Não dormirei mais hoje. Não dormirei e mesmo assim tenho que repetir: Não é real.

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