Estive aqui sentada, desenrolando uma pergunta entre os dedos: de onde a gente começa a escrever uma carta? Em qual fatia do tempo ou do espaço? Em qual gesto? Em qual silêncio? Em qual rua estreita ou imaginária, a gente começa a levantar uma ponte sobre os longes de alguém? E até onde podem ir as palavras?
Porque existe isso de me sentar nessa mesa e desenrolar outra pergunta entre os dedos: até onde a gente pode escrever uma carta? Até a rua mais próxima? Até um brinquedo velho, feio, esquecido na infância? Até uma folha flutuando no lago? Ou até os outros olhos no espelho?
Porque também existe isso de me sentar naquela cadeira a sua frente, e liquefazer os meus labirintos, desaguando a solidão em palavras. Palavras que vou tecendo nessas linhas até escapar do Minotauro. Qual a distância segura entre as palavras e o corpo? Ou entre os textos e a pele? Ou entre os tecidos e as teias?
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