sábado, 17 de julho de 2010

Falando com a saudade

A saudade sentou na minha sala
- Você vai ficar ai? - perguntei
E sem levantar os olhos do chão ela disse que sim.
- Gostaria de um café? Acabei de passar.
- A Saudade não toma café - respondeu ela com uma voz cheia de amargura.
- Oh, desculpe, só estava tentando fazer amizade já que você está vivendo tanto comigo - me expliquei
- A Saudade não é amiga de ninguém - pronunciou-se novamente a voz amarga.
Sentei-me ao lado dela, e senti frio
- Você é tão fria - comentei
- Sou sim, a saudade tem o corpo frio e o coração, gelado.
- Porque você é assim? - perguntei
- Vocês me fazem ser assim, eu sou toda a saudade do mundo, todo o aperto no coração que as pessoas sentem quando estão longe de alguém querido, todas as noites de solidão, todas as lágrimas que molham fotografias e travesseiros... eu guardo tudo isso em mim.
- Deve ser triste ser a saudade, pois somente senti-la já é terrível.
Imaginei como alguém pode conviver com aquilo, cinco minutos a seu lado e eu já me sentia vazia e tremia de frio.
- Eu sei o que você está pensando - disse ela - só tem um jeito de me tirar daqui.
- E como é? - perguntei curiosa
- É me matando. - Disse ela sem nem mesmo mudar sua expressão de indiferença.



(Texto antigo, antigo, antigo que morava no outro blog, sentimento antigo, antigo, antigo que ainda mora no meu coração.)

Um comentário:

  1. que texto lindo!
    como sempre você consegue pôr em palavras tudo que eu sinto!

    você é demais, minha escritora favorita!

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