Abraçar acalma. Ser abraçado, renova. Na verdade, um abraço com vontade DESMONTA a gente. Resistências, temores, tensão, eletricidade, cai tudo ao chão. Abraçar é mais que um gesto de saudar, abraçar é emprestar PAZ. Encostando os corações, algo realmente mágico acontece. Li um dia desses que existe uma tradição que diz que, cada vez que você abraça com vontade, você ganha um dia de vida. Com vontade, certo? Deve ser por isso que os velhinhos que vivem mais são tão queridos, devem ter abraçado muita gente na vida e com muita vontade, então dias e mais dias lhe são acrescentados. Justificadamente. Abraçar tem que ultrapassar o físico, é ato que se faz com os olhos fechados e a alma escancarada em emoção. Mas tem que ficar no abraço, sem tanta pressa. Não tem como insistir em timidez ou reservas ou conveniências, abraçar é carinho sem vergonha de ser carinho, é um mergulho no outro. Abraço é coisa de gente que gosta de ser gente e não liga pra poses. Abraço é pra namorado, namorido, abraço é pra amigo. Abraço deveria ser pra todo mundo. Aqui é costume no oi e no tchau, trocarmos beijos e dar aquela abraçadinha. Tem alguns que são acanhados, outros mais animados, tem aquele que acompanha batidinhas nas costas, ou um sorriso caloroso de quem de fato, encostou o coração no outro e leva um pouquinho da gente, e deixa um pouquinho de si, e eu acho lindo isso. Parece tão bobo, não?… compromissos de toda ordem, horários a serem cumpridos, mil afazeres a fazer, coisas sérias pra pensar, tanta coisa pra resolver, quem está com tempo pra perder esse tempo abraçando as gentes por aí? Eu digo quem:
Quem sabe que viver é mais que tudo isso junto, quem sabe que tudo que vale nessa vida é oque só o coração sente, é gente que sabe que, certas vezes, um dia todinho só valeu justamente, por causa daquele abraço no meio do dia, no meio do nada, aquele algo único que foi dado e que foi ganho naquela meia dúzia de segundos que leva esse ato tão belo, tão gostoso e tão simples. Certo!…, não é tão simples porque todos temos mais reservas do que liberdades uns com os outros, mas tenho a impressão que é justamente o hábito de abraçar mais, que nos fará abraçadores melhores, e de verdade.
domingo, 7 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Você sente?
O que é que você sente? Você sente porque sente ou você sente porque quer sentir? Existem sentimentos idealizados, coisas que os poetas e escritores colocaram em nossa cabeça, coisas das quais sentimos falta, e necessidade de sentir, mesmo sem nunca ter tido nada semelhante. Tais sentimentos existem, ou seriam apenas criação de cérebros desocupados? Segunda opção, pra mim. Vivemos numa eterna busca por sentimentos idealizados, como se procurássemos por tesouros inexistentes, como que cavando buracos em cômoros. E nós estamos sempre querendo sentir. Queremos com tanta veemência, que não sabemos se estamos sentindo de verdade ou se estamos forçando a barra, fazendo tudo que é possível para acreditarmos que estamos realizados, felizes e... sentindo as coisas. Às vezes me pego sentindo nada, ou quase nada, mesmo quando tudo que quero é sentir algo. Tanto quero sentir que praticamente acredito na minha própria mentira. Acredito tão piamente que sinto que acabo sentindo, quando na verdade nada sinto.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Pra quem não dorme
Tenho um problema sério com o sono. Durmo demais ou de menos. Sou super acelerada então pra conseguir dormir tenho que ir pausando, controlando a respiração e fazendo todas as técnicas, mandingas e simpatias e torcer que dê certo. Uma semana dessas tive uma insônia das brabas e passei quatro dias seguidos sem dormir. Cheguei na faculdade na segunda com jeito de quem tinha corrido maratona e cara de panda com aquelas olheiras tão grandes que chegavam as bochechas. Não ligo mesmo. Chego de cara lavada e ainda enfrento uma prova diabólica como se tivesse pulando amarelinha. Mesmo que eu não durma normalmente as coisas não afetam meu humor. O problema é que mesmo sem ficar mal humorada não gosto que se animem muito perto de mim logo cedo. Fico com vontade de explodir o mundo. Acho uma tremenda sacanagem não respeitarem o silêncio da manhã. Essa semana depois de apenas três horas de sono passei por uma situação obtusa. Me senti uma criminosa em potencial, acordei com raiva do mundo e se viram pra mim e falam: ”Bom dia raio de sol”. Pelo amor de Deus só podia ser brincadeira. Eram os santos no céu testando minha paciência e meu poder de autocontrole. Acho maldade quem fala uma coisa dessas de manhã cedo. Acho maldade ser todo sorrisos quando o outro só acorda pra o mundo depois de um café muito forte e sem açúcar. Acho cruel mesmo cantar, fazer barulho e perturbar a paz da manhã. Por mim ia existir uma lei proibindo cantorias e felicidade antes das oito horas da manhã. O que eu queria mesmo era ouvir só o barulho dos passarinhos e dar bom dia só a eles. Meus pais contam que eu nunca dormi muito e acordava umas quatro da manhã para dar bom dia ao bem te vi que morava na árvore da minha casa. Isso explica muita coisa. Sou extremamente solidária aos madrugadores e insones, quem descobrir aí a fórmula do sono de oito horas seguidas me dá uma alô tá?
sábado, 4 de setembro de 2010
Profissão
Está chovendo muito.
Enquanto o mundo parece estar em seu último dia, observo de dentro, protegida, toda essa água cair. Porém, ao mesmo tempo em que estou aqui, me sinto lá fora.
Penso em cada um que foi pego de surpresa, desprevenido, no momento em que voltava ou saía de casa, quando esse temporal começou.
O céu acabou de clarear. Milhões estão lá embaixo. Outros milhões estão molhados e procuram se proteger. Novos milhões nem perceberam que estão enxarcados.
Destes tantos humanos, preocupo-me mais com com alguns. Um motorista de ônibus, por exemplo. Ele está somente fazendo o seu trabalho e não pode parar de fazê-lo - sabe Deus o por quê dele estar ali. Quem sabe de sua vida pessoal? Quem se importa? Ninguém além dele.
Nenhum de nós olha para um motorista de ônibus e se pergunta o que ele está fazendo ali. Está trabalhando, só. Somos todos tão egoístas...
Me imagino sendo um destes trabalhadores em uma noite de tempestade como esta. Estaria eu com medo de alagar ou estaria somente ali, esperando "a chuva passar"?
Enquanto estaria pensando nisso, aqueles outros milhões que foram pegos de surpresa estariam em pontos e esquinas, enxarcados, esperando na chuva por mim. Estes estão expostos ao vento frio e à agua somente porque acreditam que eu chegarei até ali. E eu estou seco. Estou dentro. Estou com medo, talvez.
Neste momento, começo a pensar: Se parar por aqui, posso apenas esperar, parado, essa noite acabar. Se ando em frente com esse ônibus, mesmo na chuva, posso estar chegando a algum lugar aonde encontre outro que esteja ali somente me esperando e que venha a me avistar sorrindo enquanto chego cada vez mais perto. Posso mudar a vida de alguém - e não só a minha - se não temer e andar. Por isso resolvo seguir em frente.
É difícil.
Tem várias poças que mais se parecem com lagos e rios, que mexem com as rodas do veículo e tentam me prender, me impedir de ir adiante. Porém, sou forte. Luto contra cada um desses obstáculos, pois resolvi que, nesta noite, não ficarei parada. Resolvi que nunca ficarei parada. Se não me mexo, nada ganho, nada perco. Se dou um passo, posso perder - mas posso ganhar também.
Nesta vida, não só por hoje em meio a escuridão que me molha, decidi que não importa o que vai acontecer ou o que aconteceu: Preciso me mexer, mudar, criar, seguir. Viver. Sou um motorista na escuridão fazendo meu caminho para casa e lutando até o final para chegar até o local, onde, sob uma claridade, algo estará esperando por mim.
Enquanto o mundo parece estar em seu último dia, observo de dentro, protegida, toda essa água cair. Porém, ao mesmo tempo em que estou aqui, me sinto lá fora.
Penso em cada um que foi pego de surpresa, desprevenido, no momento em que voltava ou saía de casa, quando esse temporal começou.
O céu acabou de clarear. Milhões estão lá embaixo. Outros milhões estão molhados e procuram se proteger. Novos milhões nem perceberam que estão enxarcados.
Destes tantos humanos, preocupo-me mais com com alguns. Um motorista de ônibus, por exemplo. Ele está somente fazendo o seu trabalho e não pode parar de fazê-lo - sabe Deus o por quê dele estar ali. Quem sabe de sua vida pessoal? Quem se importa? Ninguém além dele.
Nenhum de nós olha para um motorista de ônibus e se pergunta o que ele está fazendo ali. Está trabalhando, só. Somos todos tão egoístas...
Me imagino sendo um destes trabalhadores em uma noite de tempestade como esta. Estaria eu com medo de alagar ou estaria somente ali, esperando "a chuva passar"?
Enquanto estaria pensando nisso, aqueles outros milhões que foram pegos de surpresa estariam em pontos e esquinas, enxarcados, esperando na chuva por mim. Estes estão expostos ao vento frio e à agua somente porque acreditam que eu chegarei até ali. E eu estou seco. Estou dentro. Estou com medo, talvez.
Neste momento, começo a pensar: Se parar por aqui, posso apenas esperar, parado, essa noite acabar. Se ando em frente com esse ônibus, mesmo na chuva, posso estar chegando a algum lugar aonde encontre outro que esteja ali somente me esperando e que venha a me avistar sorrindo enquanto chego cada vez mais perto. Posso mudar a vida de alguém - e não só a minha - se não temer e andar. Por isso resolvo seguir em frente.
É difícil.
Tem várias poças que mais se parecem com lagos e rios, que mexem com as rodas do veículo e tentam me prender, me impedir de ir adiante. Porém, sou forte. Luto contra cada um desses obstáculos, pois resolvi que, nesta noite, não ficarei parada. Resolvi que nunca ficarei parada. Se não me mexo, nada ganho, nada perco. Se dou um passo, posso perder - mas posso ganhar também.
Nesta vida, não só por hoje em meio a escuridão que me molha, decidi que não importa o que vai acontecer ou o que aconteceu: Preciso me mexer, mudar, criar, seguir. Viver. Sou um motorista na escuridão fazendo meu caminho para casa e lutando até o final para chegar até o local, onde, sob uma claridade, algo estará esperando por mim.
sábado, 17 de julho de 2010
Falando com a saudade
A saudade sentou na minha sala
- Você vai ficar ai? - perguntei
E sem levantar os olhos do chão ela disse que sim.
- Gostaria de um café? Acabei de passar.
- A Saudade não toma café - respondeu ela com uma voz cheia de amargura.
- Oh, desculpe, só estava tentando fazer amizade já que você está vivendo tanto comigo - me expliquei
- A Saudade não é amiga de ninguém - pronunciou-se novamente a voz amarga.
Sentei-me ao lado dela, e senti frio
- Você é tão fria - comentei
- Sou sim, a saudade tem o corpo frio e o coração, gelado.
- Porque você é assim? - perguntei
- Vocês me fazem ser assim, eu sou toda a saudade do mundo, todo o aperto no coração que as pessoas sentem quando estão longe de alguém querido, todas as noites de solidão, todas as lágrimas que molham fotografias e travesseiros... eu guardo tudo isso em mim.
- Deve ser triste ser a saudade, pois somente senti-la já é terrível.
Imaginei como alguém pode conviver com aquilo, cinco minutos a seu lado e eu já me sentia vazia e tremia de frio.
- Eu sei o que você está pensando - disse ela - só tem um jeito de me tirar daqui.
- E como é? - perguntei curiosa
- É me matando. - Disse ela sem nem mesmo mudar sua expressão de indiferença.
(Texto antigo, antigo, antigo que morava no outro blog, sentimento antigo, antigo, antigo que ainda mora no meu coração.)
- Você vai ficar ai? - perguntei
E sem levantar os olhos do chão ela disse que sim.
- Gostaria de um café? Acabei de passar.
- A Saudade não toma café - respondeu ela com uma voz cheia de amargura.
- Oh, desculpe, só estava tentando fazer amizade já que você está vivendo tanto comigo - me expliquei
- A Saudade não é amiga de ninguém - pronunciou-se novamente a voz amarga.
Sentei-me ao lado dela, e senti frio
- Você é tão fria - comentei
- Sou sim, a saudade tem o corpo frio e o coração, gelado.
- Porque você é assim? - perguntei
- Vocês me fazem ser assim, eu sou toda a saudade do mundo, todo o aperto no coração que as pessoas sentem quando estão longe de alguém querido, todas as noites de solidão, todas as lágrimas que molham fotografias e travesseiros... eu guardo tudo isso em mim.
- Deve ser triste ser a saudade, pois somente senti-la já é terrível.
Imaginei como alguém pode conviver com aquilo, cinco minutos a seu lado e eu já me sentia vazia e tremia de frio.
- Eu sei o que você está pensando - disse ela - só tem um jeito de me tirar daqui.
- E como é? - perguntei curiosa
- É me matando. - Disse ela sem nem mesmo mudar sua expressão de indiferença.
(Texto antigo, antigo, antigo que morava no outro blog, sentimento antigo, antigo, antigo que ainda mora no meu coração.)
Paz
Chuva torrencial lá fora. Que medo, aqui nunca chove assim. Chuva torrencial dentro de mim, tempestade que não cessa, relâmpago, trovão, dilúvio e desabamento. As encostas dos morros perto do meu coração ameaçam soterrar os sonhos que rodeiam o lugar. Já foi decretado estado de calamidade publica, as autoridades pedem pra ninguém sair de casa. Vou fazer uma cabana no meu quarto e ficar escondida até a chuva passar, espero que com ela vá embora meu medo e no fim do dia eu possa finalmente ver meu tão amado arco-íris. Ah, se essa tempestade que acontece dentro de mim fosse passageira, e um dia ela me deixasse viver uma vida de calmaria, aquela velha história da bonança. Mas comigo não é assim, e não adianta xingar, não adianta rezar, não adianta descobrir esse infinito que eu sou e que há em mim, eu preciso de uma recompensa urgente, só queria que viesse em forma de paz. Não adianta descobrir esses mistérios da vida se não consigo nem mesmo criar minha harmonia, ah eu quero paz. “ Ô meu senhor, tem paz de espírito em forma de comprimidos pra vender aqui na sua farmácia? Eu pagaria toda a minha fortuna miserável por eles, aceita cartão?” Porra, eu quero paz.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Sardas
Sou cheia de sardas. Se você procurar a descrição do que elas são, vai encontrar um resumo dizendo que são manchas causadas pelo aumento da melanina na pele e que existe uma tendência familiar as fazendo surgir principalmente em pessoas de pele clara e ruivas. A verdade é que sou uma sardenta típica. Quando criança era chamada de enferrujada, as pessoas perguntavam se eu tinha esquecido de me enxugar quando tinha saído do banho e coisas do tipo, quanto mais sardenta eu ficava mais odiava as sardas. Quando entrei na adolescência tentava esconder as sardas com maquiagem, tentava encobrir como se fossem cicatrizes de um acidente feio. Com os anos passei a receber elogios as minhas sardas. Os rapazes se utilizavam delas como meio de paquera, o que eu achava muito engraçado. Era todo tipo de cantada direcionada aos meus sinais. Um uma vez chegou a me dizer que minhas sardas era poeira de ouro agarrada a minha pele. Outro falou que as sardas dos meus ombros era como uma marca de cada dia da minha vida. Depois disso passei a enxergar minhas sardas com outros olhos, meus pontinhos dourados espalhados pelo corpo deixaram de ser perseguidos com maquiagem e cremes clareadores e foram assumidos assim como os centenários assumem suas rugas. Tentei buscar na minha memória os bons dias em que achava que cada uma das minhas sardas tinha nascido. Aquele dia de sol e vento em que tentei aprender a surfar, o mês que passei me bronzeando e jogando bola na casa de praia, ou até mesmo o verão em que passei no vestibular e transitava entre as praias e festas como um cardume de peixes que acompanha a correnteza. Descobri que minhas sardas faziam parte dos melhores momentos da minha vida e assim passei a assumi-las como marcas das melhores lembranças dos verões que já tive.
"Era fã de carteirinha dos desenhos na pele, a chance do mundo inteiro ser sardento – o sardento é um iluminado de nascença"
Fabrício Carpinejar.
"Era fã de carteirinha dos desenhos na pele, a chance do mundo inteiro ser sardento – o sardento é um iluminado de nascença"
Fabrício Carpinejar.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
A moça que passa
É dia claro... manhã de sol que insiste em se fortalecer atrás das nuvens, a moça desce os degraus que a separa da praia. A água lambe a areia, as crianças pequenas ainda mais diminuídas pela imensidão daquele mar também são banhadas, seus castelos -muralhas de areia- são destruídos e levados para o fundo do mar, e com eles sonhos de pequenos reis e rainhas.
Mas a moça apenas observa, parecendo alheia ao que se passa ao seu redor, como na poesia do velho Vinícius ela apenas passa. Ainda é cedo, na praia apenas crianças, babás e velhos caminham entre as belas pedras que guardam segredos dos anos -que também passam- a beira mar.
A moça caminha inatingível molhando os pés na água e pensando na complexidade da vida. Planeja, repensa, muda de idéia, a aflição de quem ainda não sabe tomar decisões predomina no seu coração.
Ela vai caminhando devagar, olhando aquela paisagem, esquecendo sua vida e agradecendo pelo dia estar tão bonito. Seus olhos refletem amor, ela teme fecha-los e com isso perder esse sentimento, ela desconhece que o amor se transforma, mas não passa.
De repente como se tomada de uma súbita decisão a moça para, olha ao redor, e resolve sentar, ela recua para onde a água não possa alcançá-la e senta-se, de repente como se pela primeira vez na vida ela visse e não apenas olhasse, ela repara.
Repara no velho que caminha só, e imagina que histórias ele pode ter vivido, seus grandes amores e suas dores, mas pra onde ele caminha? Vê uma mãe andando atrás do filho pequeno, aproximadamente uns dois anos, e enxerga que além dos sorrisos trocados entre os dois existe amor, confiança e toda a verdade que existe na relação mãe-filho, a criança alheia ao mundo ao seu redor apenas fecha os olhos e sente a mãe acariciar seus cachinhos. A moça pensa, e quando tiver meus filhos? E ri com essa possibilidade. Toda moça -seja ela a que passa ou não- pensa nessa possibilidade.
A moça reparara que todos caminham com determinação e parecem saber para onde vão e o que farão, enquanto ela -tremendo ao constatar- apenas passa. Essa idéia a faz perceber que sua vida ainda não é guiada por um objetivo, sente-se então “ovelha desgarrada”. Nenhumas das escolhas que fez em sua vida foram definitivas, tudo em sua vida passa. Ela resolve a partir deste momento se guiar sem julgamentos e pré-conceitos, resolve ser ela mesma sem mais ninguém interferindo, ela cansou de ser apenas a moça que passa.
A moça levanta-se e ao longe vê o rosto bonito de um rapaz desconhecido, caminha resoluta ao seu encontro. Os anos passam.
Mas a moça apenas observa, parecendo alheia ao que se passa ao seu redor, como na poesia do velho Vinícius ela apenas passa. Ainda é cedo, na praia apenas crianças, babás e velhos caminham entre as belas pedras que guardam segredos dos anos -que também passam- a beira mar.
A moça caminha inatingível molhando os pés na água e pensando na complexidade da vida. Planeja, repensa, muda de idéia, a aflição de quem ainda não sabe tomar decisões predomina no seu coração.
Ela vai caminhando devagar, olhando aquela paisagem, esquecendo sua vida e agradecendo pelo dia estar tão bonito. Seus olhos refletem amor, ela teme fecha-los e com isso perder esse sentimento, ela desconhece que o amor se transforma, mas não passa.
De repente como se tomada de uma súbita decisão a moça para, olha ao redor, e resolve sentar, ela recua para onde a água não possa alcançá-la e senta-se, de repente como se pela primeira vez na vida ela visse e não apenas olhasse, ela repara.
Repara no velho que caminha só, e imagina que histórias ele pode ter vivido, seus grandes amores e suas dores, mas pra onde ele caminha? Vê uma mãe andando atrás do filho pequeno, aproximadamente uns dois anos, e enxerga que além dos sorrisos trocados entre os dois existe amor, confiança e toda a verdade que existe na relação mãe-filho, a criança alheia ao mundo ao seu redor apenas fecha os olhos e sente a mãe acariciar seus cachinhos. A moça pensa, e quando tiver meus filhos? E ri com essa possibilidade. Toda moça -seja ela a que passa ou não- pensa nessa possibilidade.
A moça reparara que todos caminham com determinação e parecem saber para onde vão e o que farão, enquanto ela -tremendo ao constatar- apenas passa. Essa idéia a faz perceber que sua vida ainda não é guiada por um objetivo, sente-se então “ovelha desgarrada”. Nenhumas das escolhas que fez em sua vida foram definitivas, tudo em sua vida passa. Ela resolve a partir deste momento se guiar sem julgamentos e pré-conceitos, resolve ser ela mesma sem mais ninguém interferindo, ela cansou de ser apenas a moça que passa.
A moça levanta-se e ao longe vê o rosto bonito de um rapaz desconhecido, caminha resoluta ao seu encontro. Os anos passam.
Primeiras letras
Gosto de escrever, as vezes acho que gosto mais de escrever do que de falar. De vez em quando tenho a impressão que o que escrevo é até bonito, mas talvez seja só uma impressão. No fim das contas escrevo pra mim mesma por uma necessidade tão básica como a de respirar. Meus pais contam que no meu primeiro dia de aula voltei para casa revoltada porque não tinha aprendido a ler, era importante para mim aprender a descobrir as palavras porque assim eu poderia escrevê-las e guardá-las como um tesouro só meu. Os anos passaram e agora acho importante compartilhar meus tesouros, nem sempre eles são bonitos ou simples, mas são meus. As palavras me fazem viajar a lugares lindos, me fazem enxergar um mundo mais bonito, no fim das contas elas me fazem sonhar.
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