terça-feira, 26 de julho de 2011

Tempo

A alguns anos em uma viagem me deparei com um provérbio ou poema irlandês, não sei bem ao certo, que ficou guardado na minha cabeça e virou um mantra que venho repetindo desde então: “Não confie em nada se for necessário, mas confie nas horas. Não foram elas que carregaram você para todos os lugares até hoje?”
Em um análise bem simples o provérbio nos fala sobre confiar no tempo e em como é ele o grande maestro dos acontecimentos, sejam eles calmaria ou tempestades. Venho fazendo análises sobre o tempo e escrevendo sobre ele a anos. É meu melhor amigo e meu maior inimigo. É meu maior conforto e meu maior medo. Nada melhor que o tempo para tirar os acontecimentos do foco principal e nos fazer enxergar a verdadeira lição por trás de tudo. Nada melhor que o tempo para nos fazer mais maduros e mais belos. Nada melhor que o tempo. Nada pior que o tempo para nos fazer perder laços que julgávamos inquebráveis. Nada pior que o tempo para tirar pessoas de nossas vidas. Nada pior que o tempo para nos fazer esquecer ou quem sabe lembrar. Nada pior que o tempo.
O tempo tem que ser aceito com resignação e fé desmedida. Não adianta correr atrás dele ou tentar ultrapassá-lo. Ele é como a areia que tentamos prender em nossas mãos e escorrega por entre os dedos. É como uma nuvem que tentamos segurar e se desmancha no ar. Passa rápido quando desejamos que passe devagar. Passa devagar demais quando desejamos que passe rápido. Minutos são horas e horas são segundos. Ele tem vontade própria e ritmo próprio. É insuperável como uma criança afoita que corre rápido demais e não pode ser contida.
Tudo, absolutamente tudo na vida acontece no tempo exato em que tem que acontecer. Deus, os astros e Gaia determinam o plano maior e o momento exato dos acontecimentos. Não adianta tentar se antecipar ou adiar. As coisas acontecem e não podem ser contidas. Quanto mais se luta contra as determinações do tempo mais forte somos derrubados no mar do destino. O tempo, o acaso, o destino e a sorte são melhores amigos.
O destino supõe uma força externa de alguma inteligência, ou uma estrutura fixa que determina nossas vidas, alguma coisa que a gente não pode evitar ou mudar. Sorte é o nome que se dá ao acaso quando ele trabalha dramaticamente a nosso favor ou contra a gente. O acaso é uma lei universal observável. O tempo anda aliado a eles de uma forma que juntos traçam uma trama complexa em torno dos acontecimentos e sentimentos que regem nossas vidas.
Os problemas, dilemas, dores, felicidades, amores, realizações só acontecem quando estamos prontos para vivenciá-los, embora aparentemente algumas vezes tenhamos a nítida impressão que não é a hora certa ou acabemos tentando negar a força e a grandeza que temos dentro de nós. Mas o tempo, o destino, o acaso e a sorte não podem ser contidos.
Continuo confiando no tempo. Continuo enxergando o tempo e o achando palpável como aqueles lindos deuses indianos em seus palácios de ouro: “(...) Já ouviu falar em deuses aceitando migalhas? Nem eu (...)”. Me agarro ao tempo e repito meu mantra. O destino muda, a sorte muda, mas o tempo, meu bem, o tempo nos dá tudo e nos tira tudo, cabe a nós sabermos enxergar a sutileza do merecimento ou do plano divino.

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