quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tristeza

Quando você chega de mansinho e toma conta de mim. Quando arromba portas sem avisar. Quando pula o muro, a janela e invade todos os espaços. Me atordoa, me incapacita, subjuga e canta vitória. Me reprime, me esconde e afasta o resto da humanidade de mim. Conhece meus pensamentos, meus sonhos, meus medos. Conhece minhas fraquezas, minhas dores, minha história. Sabe dos meus passos, meus amigos, meus inimigos.
Quando anda comigo como uma sombra, me persegue e não me larga. Quando adivinha meus pensamentos e me encurrala em todos os lugares. Poderia ser minha melhor amiga, mas eu não quero, não mereço. Na verdade eu a odeio, queria que você não existisse, mas você é temperamental e sazonal.
Com uma única palavra volta para a minha vida e tem o poder de fazer estragos como um terremoto. Você acaba comigo e nem tem pena de mim. Destrói meus planos e não se preocupa se sobreviverei a você. Não liga se sempre choro por você e como isso me dói. Vai e volta como se minha vida estivesse a postos para recebê-la a qualquer momento.
Você não tem a consideração nem de me avisar quando vai chegar. É como uma visita incoveniente que chega quando a gente está saindo de casa. Mas você é pior. Me faz ficar dias e dias sem querer sair da cama. Me faz reviver todas as dores e chorar feito uma louca. Não me deixa ver uma luz no fim do túnel e isso acaba comigo.
Me lembra das minhas perdas e me faz chorar por elas de novo. É sentimento hemofílico que quando vai se curando é ferida aberta de novo que só sangra. Não tenho cura para você. Me lembra de todas as palavras já ditas e que já fiquei em pedaços. Sua memória acaba comigo. Queria que você nunca mais voltasse, mas você sempre volta.
Não sei me proteger disso. Quando peço aos céus que isso não aconteça de novo, quando imploro para que você me esqueça...Mas você sempre volta. Sempre. De repente você vai embora e todo e peso se vai. Penso em possibilidades e felicidades. Esqueço de você, me sinto livre, leve e volto a viver a normalidade. O mundo me espera e é só meu.
Os sábados lindos, as manhãs de sol. A noite as estrelas. Mas como um raio você chega e atravessa meu peito. Sou criança de novo e tenho medo. Eu sofro e dói demais. Desta vez eu peço abertamente: Tristeza por favor vá embora... Assim como o poeta implora também o faço. Você não combina comigo. Não posso ser seu pá. Me abandone como quem abandona a uma amante e juro que não terei ressentimentos.
Não aguento os dias em que você se faz minha sombra, não quero ser sua amiga. Vá embora e não volte nunca mais. Leve o que quiser. Você sabe que pode, sempre saqueia uma parte do meu coração e o leva consigo. Hoje ele já é tão pequenininho que se você voltar outra vez estarei perdida. Leve tudo, leve nada, mas vá embora. Só vá.

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