Na história do Mágico de Oz a menininha Dorothy em meio a um tornado no quintal da sua fazenda no Kansas é levada a uma terra distante povoada por magos, bruxas más, Espantalhos falantes, Homens de Lata, Leões que falam. Assim começa sua jornada tentando voltar para casa ao lado do seu cachorrinho Totó e dos novos amigos. Literatos dizem que é um conto de fadas pós-moderno, alguns críticos acreditam que a história foi escrita usando personagens e partidos do cenário político norte-americano da época, o cinema imortalizou a história aliando a ela umas das músicas mais bonitas já compostas. A história em sí dá margem a várias interpretações, pode ser um sonho psicodélico, uma fábula da vida moderna, um resgatar de valores já esquecidos. Em cada ponto e cada personagem há uma minúcia que pode ser explorada de diversas formas mas, o ponto que me prende e faz querer reler ou rever tantas vezes a história do Mágico de Oz é o Homem de Lata.
Dorothy encontra o Homem de Lata enquanto procura pelo Mágico de Oz para que este lhe mande de volta para casa. O Homem de Lata conta que quando era homem de verdade se apaixonou por uma garota do seu povoado que cuidava de uma velhinha, ao saber dessa paixão e com medo de ficar só a velhinha pede a bruxa má que dê um fim a esse sentimento. A bruxa má prontamente começa a causar pequenos acidentes ao homem, um dia lhe corta as mãos, no outro as pernas e assim por diante, o homem então substitui seus membros por lata, mas nada o faz desistir da garota. Por fim, depois de vê-lo todo reconstituído em lata a bruxa arranca seu coração, levando então embora o amor que o homem sentia pela garota.
Enquanto Dorothy caminha para a Cidade das Esmeraldas para pedir ao grande Mágico de Oz que a mande de volta para casa, o Homem de Lata caminha para que o mago lhe dê de novo um coração. Hora questionado sobre o porque de não querer ter um cérebro (já que sua cabeça também ficou oca e agora é de lata) e sim um coração o Homem responde que já teve os dois e prefere ter um coração para poder amar de novo.
Muitas aventuras são vividas ao longo da história, os personagens são colocados a prova várias vezes e mesmo não tendo um coração o Homem de Lata age sempre baseado nos melhores sentimentos, ele age com amor. Cada personagem demonstra o poder que busca ao longo da história sem perceber, a própria Dorothy estava calçada o caminho todo com sapatinhos mágicos que poderiam levá-la para casa.
Então eu pergunto a você: Quantas vezes ao longo da sua vida você já foi Homem de Lata? Sem coração, mas com uma vontade incrível de sentir as coisas? Quantas vezes já foi Espantalho? Sem cérebro, mas com alternativas lógicas para todos os problemas? Quantas vezes já foi o Leão covarde? Sem coragem, mas com uma capacidade gigantesca de defender os amigos?
Homens de Lata são mais comuns do que pensamos, estão por aí negando sentimentos porque estão sempre se preparando para sentí-los. Se dizendo vazios e durões, mas ajudando velhinhas a atravessar as ruas ou comprando bicicletas para menininas órfãs. Homens e Mulheres de Lata, chorando e enferrujando as armaduras de que tanto se orgulham. As armaduras que tanto protegem, percebe o simbolismo? Armaduras que ao mesmo tempo protegem e prendem, isso me lembra as muralhas. Eu tenho uma vontade incrível de perguntar a esses Homens e Mulheres de Lata se eles têm certeza que são vazios, se querem mesmo ir até a Cidade das Esmeraldas procurar o grande Oz para ganhar um coração. Sair pelo mundo dá trabalho e é perigoso, e tem mais, “não há nada melhor que o nosso lar”, mas que sei eu sobre essas coisas. Posso não saber nada, mas que eu tenho vontade de perguntar: "Sério? Sério mesmo coração?" Eu tenho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário