De onde saem as palavras, de onde surgem os textos, pretextos, suspiros? Como se dá a construção destas linhas, tão mal escritas e pouco traçadas que unidas formam estas histórias verdadeiras e mentirosas que tentamos escrever? Porquê escrevê-las? Se o caminho é doloroso e o resultado mais ainda?
Todos que escrevem têm seus textos como filhos, birrentos, deseducados, verdadeiros, camuflados quando em terrenos perigosos, mas que nos trazem uma satisfação gigantesca por serem parte de nós. Todos que escrevem sentem as histórias fluindo do cérebro para as mãos, como uma mágica com a qual quase nunca estamos preparados para lidar. Os sentimentos que deviam ser só nossos expostos ao mundo, toda dor e toda felicidade compartilhada através de um João ou Maria que na verdade é esse eu lírico tão "eu".
O pessoal e impessoal se misturam e somos protagonistas das nossas histórias mesmo quando falamos de terceiros. É sob o nosso ponto de vista que você que lê conhecerá tudo, e depende de quem escreve fazer você acreditar na verdade quando ela é uma completa mentira. Nós temos o poder. Ao mesmo tempo temos o maior medo que pode existir: o bloqueio criativo. Quando ele surge ata nossas mãos, veda nossos olhos e costura nossa boca. Sentimos todos os sentimentos do mundo em enxurrada e não sabemos escrevê-los. É preciso conversar com alguém. Qualquer situação pode alavancar o ressurgimento da inspiração escondida e o parto de um novo filho.
Às vezes uma dor severa nos tira o ânimo para escrever, outras tantas uma dor severa nos faz produzir os melhores textos. Felicidades extremas podem nos motivar ou apagar completamente esse desejo de expor um sentimento tão íntimo.
Invadimos as vidas de quem amamos e os transformamos em personagens. Desculpe, mas deveriam sentir-se lisonjeados. Expomos nossos relacionamentos e todos sabem quando começamos e terminamos, são coisas que não dá para esconder. Nossos parentes são criticados e amados em cada linha. Fazemos propaganda dos nossos amigos sem medo que outros venham a roubá-los.
Sentimos mais profundamente que as outras pessoas. Alguns de nós só sabem demonstrar o que sentem escrevendo. Somos diferentes. Somos angústia, insegurança, ódio, amor, amizade, desejo, sonho, realização. Tudo isso em letras, linhas, textos, poemas. Somos suor, sangue e lágrimas em páginas ou telas de um computador.